The Book :: Capítulo XVI - 168 Horas

Como é que isto podia estar a acontecer? A minha própria namorada. A pessoa que eu amo. Ela tinha o diário e isso só queria dizer uma coisa: tinha-me mentido sobre o assalto. Tinha sido ela a destruir o próprio apartamento para eu pensar que o assalto tinha sido real e que tinham levado o diário. Mas porque o queria? Saberia da história toda? Tentei controlar-me e fingi que continuava com amnésia.
- Sim James, sou eu. – disse ela.
- Já… Já estás aqui?
- Sim, queria ver como estavas. Ando muito preocupada contigo.
Eu não estava a acreditar. Como é que ela poderia estar a ser tão falsa. Aquela não era a Emma que eu conhecia.
- Como estás hoje? – perguntou-me – Já te lembras de alguma coisa?
- Não… Não me lembro de nada, mas já tenho menos dores.
- Que bom. Fico tão contente que estejas a melhorar.
Ela passou o resto do dia comigo, mas eu não conseguia nem olhar para ela, por isso, fingi que estava a dormir. Durante um tempo ela saiu e voltou a deixar a mala na cadeira. Era a minha oportunidade, tinha de conseguir tirá-lo. Não me conseguia levantar, então estiquei o braço o mais que pude mas a cadeira estava longe da cama, não conseguia chegar lá, mas estava tão perto… Voltei a esticar o braço, estava a tocar na mala com a ponta dos dedos, estiquei mais uma vez, voltei a tocar na mala… e caí da cama, derrubando a cadeira e mala. De repente, a Emma entrou.
- James? Que aconteceu? Enfermeira! Preciso de ajuda aqui!
- Que aconteceu? – perguntou a enfermeira.
- Saí para ir à casa de banho, ele estava a dormir, acabei de entrar no quarto e ele estava caído no chão.
- Ajude-me a levantá-lo.
Voltaram a colocar-me na cama, o meu braço partido doía mais do que nunca. A enfermeira deu-me uma injecção e voltei a dormir. Quando acordei já era noite. Ouvi passos no quarto e disse:
- Kate? És tu?
- Com que então ela vem ver-te durante a noite, afinal sempre é mais esperta do que eu pensava.
Acendi a luz, era a Emma e tinha o diário na mão.
- Que fazes aqui, Emma?
- Era isto que tentavas tirar da minha mala? – perguntou, mostrando-me o diário.
- Como é que tu foste capaz de me mentir assim?
- Vá lá James, não vais começar com sentimentalismos, pois não? Foi só uma pequena mentira.
- De todas as pessoas, eras a última que esperava fazer-me isto.
- Pois, mas fiz. E agora este diário vai ser muito útil.
- Para que queres o diário, Emma?
- Depois vês, tenho uma coisinha preparada para ti.
- Vou imediatamente chamar alguém. Tu enlouqueceste.
Tentei carregar no botão para chamar a enfermeira mas ela agarrou-me no braço.
- Devia ter acelerado mais o carro. – disse ela – Assim, não terias ficado 168 horas em coma e tinhas morrido logo de uma vez. Mas se não morreste à primeira, talvez morras à segunda.
Agarrou numa almofada e forçou-a contra a minha cara.

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