The Book :: Capítulo XV - Memória

Bip…Bip…Bip… Era o que ouvia quando comecei a acordar. Onde estava? Tinha dores em todo o corpo mas era a cabeça que me doía mais. Parecia que estavam a apertá-la. Devagar, comecei a abrir os olhos. Não consegui logo ver claramente onde estava, mas aos poucos, a minha visão começou a voltar. Havia alguém sentado ao meu lado, uma mulher. Era a Emma, estava a dormir. Tentei mexer-me mas as dores eram muitas. Tinha partido o meu braço direito, mas como? A última memória que tinha era que tinha ido para as montanhas. Um telemóvel começou a tocar e a Emma acordou. Olhou para mim.
- James, acordaste.
- Que se passou?
- Não te canses. O médico disse para descansares.
- Mas o que me aconteceu?
- Tiveste um acidente mas vais ficar bem. Agora dorme mais um pouco.
- Um acidente?
- James, não faças mais perguntas. Eu vou chamar o médico e ele explica-te tudo.
A Emma saiu e passado alguns minutos voltou com um médico que me contou o que me acontecera.
- O James foi atropelado. Teve muita sorte de ter sobrevivido. Tem várias fracturas e pode estar a sofrer de amnésia mas com o tempo vai voltar ao normal. Agora é aconselhável que descanse.
Tinha sido atropelado? Por quem? Eu não me lembrava de nada. Tentava recordar momentos recentes mas não conseguia, era como procurar algo numa caixa vazia. De repente comecei a ouvir alguém perto da porta do meu quarto.
- Eu preciso de falar com ele. Preciso ver como ele está. – reclamava alguém.
- Minha senhora, não pode entrar. O doente precisa de descanso absoluto. – respondiam.
Eu conhecia aquela voz, eu sabia quem era mas não me conseguia lembrar. A Emma levantou-se e disse:
- Eu vou ver o que se passa.
Os meus olhos começaram a pesar, comecei a sentir-me cansado e sem que desse conta, voltei a dormir.
- James? James? – alguém me chamava – James, acorda.
Devagar, voltei a acordar, mas agora já não via luz a entrar pela janela. Já não era dia.
- Quem está aí? – perguntei.
- Sou eu, a Kate. Tentei ver-te hoje, mas não me deixaram entrar.
Ela ficou comigo durante a noite e contou-me sobre um diário, sobre o John, sobre uma maldição e sobre o meu acidente. Eu não me lembrava de nada, mas sentia que podia confiar nela, que tudo o que ela me dizia era verdade. Ela saiu antes de amanhecer e eu voltei a descansar. Quando acordei, abri os olhos e vi uma mala em cima da cadeira ao lado da minha cama. Era de alguém que estava ali para me visitar. Voltei a olhar melhor para a mala, para o interior e vi uma coisa que me deu, como que um clique, no meu cérebro e voltou a fazer lembrar-me de tudo. Lembrei-me que tinha lido o diário de Harry Taylor, que o John morrera por causa disso, que tinha que destruir o diário para acabar com a maldição, que o apartamento da Emma tinha sido assaltado, que o diário desaparecera, que um carro vinha na minha direcção… Lembrei-me de tudo, porque o diário estava na mala dela, ali à minha frente. Ela entrou no quarto.
- James. Já estás acordado.
- Emma?

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