The Book :: Capítulo IX - Palavras, Apenas Palavras

O que haveria de fazer? Tinha naquele momento a oportunidade perfeita de ver, ler ou levar o diário, mas não conseguia ir buscá-lo. Uma parte de mim queria ir lá agarrá-lo, abrir e folheá-lo, ler cada palavra mas ao mesmo pensava no que a Kate me tinha dito acerca dele. Dei um passo em frente, depois outro até ficar em frente da secretária. A curiosidade estava a matar-me e não aguentei mais e coloquei a mão na capa do diário. De repente ouvi passos. Alguém estava a aproximar-se. Não pensei duas vezes, agarrei no diário e sai directamente para o meu quarto.
Sentei-me na cama e não consegui abrir o diário, talvez por medo ou receio, não sei, em vez disso escondi-o debaixo da cama, sai para a rua e telefonei à minha irmã.
Depois de oito tentativas e de muitas mensagens, por fim, ela atendeu:
- Que se passa, James? Qual é a pressa?
- Preciso que venhas urgentemente para casa. Onde estás?
- Estou em casa dos tios, estava a pensar ficar cá a passar a noite.
- Não! Vem para casa, há um assunto muito importante que preciso resolver contigo.
- James, mas o que se passa? E porque não podes esperar?
- Depois digo-te, agora preciso que venhas para casa.
- Eu ia, mas mesmo que quisesse não posso.
- Porquê?
- O John levou o meu carro, mas ele vem buscar-me amanhã de manhã.
Eu não podia sair de casa, não podia correr o risco de, como por magia, o diário desaparecer novamente.
Não dormi durante toda a noite, tinha demasiadas coisas na minha cabeça. Pensava em tudo e em nada. De manhã, a Sophie chegou e foi ter ao meu quarto.
- Posso saber agora qual é o assunto que tenho, com tanta importância, de resolver contigo?
- Claro, que podes. Olha…
Mostrei-lhe o diário.
- Isso é… Isso é o… - disse ela.
- Sim, o livro que o pai escondeu, mais propriamente um diário.
Contei-lhe tudo sobre o diário estar amaldiçoado e isso tudo mas mesmo assim ela queria lê-lo.
- Achas mesmo que essa história é real, James? Vá lá, dá-me o diário.
Ela abriu-o e começou a ler:
- “… e foi um tiro certeiro, mesmo na cabeça. Limpo e mortal.”
Como um movimento inato, os meus olhos desviaram-se para as páginas do diário e acabei por ler uma frase. A minha irmã olhou para mim e disse:
- Estás a ver? Nada aconteceu. Neste diário só estão palavras, apenas palavras.
Mas seriam apenas palavras? Eu queria saber, mas tinha medo de descobrir.

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